sábado, junho 25, 2011

Respondendo a um post

Faz tempo que não escrevo ou ao menos faz tempo que não escrevo algo coerente e discorrido de forma racional no blog. Talvez contrarie a tendência de pessoas que dizem ser a escrita mais exercício disciplinado que pura inspiração. Bom, a questão é que é meio difícil ter disciplina enquanto se experimenta coisas novas amontoadas às antigas, virando um bolo doido de obrigações, exigências e prazeres, por que não?

Faz tempo também que queria escrever o que tô escrevendo agora. É mais fácil escrever do que se admitir piegas o bastante pra dizer cara a cara.  Aliás nem dá mais pra fazer isso. A gente está a uns 3.000 quilômetros de distância um do outro.

Confesso que quando li o post sobre amizade no seu blog me deu um nó na garganta. É foda, só pensar nela e a pieguice me pega. Dia desses, repassando na cabeça alguns relacionamentos que mantive nestes últimos anos, vi o quanto a coisa degringolou. Busca de amizade mesmo. Aquele tipo de amizade que você não espera nada em troca porque sabe que as pessoas também têm urgências absurdas e já mantêm seus cérebros ocupados com suas próprias piras. Sabem o quanto machuca ficar absorvendo a dor dos outros. Você não exige nada disso numa amizade. E se a pessoa simplesmente continuar sorrindo enquanto você chora você vai entender. Amigos só são palhaços pra deixar nossos momentos menos insalubres. Dizendo de forma direta: você não pede absorção, ela vem voluntariamente. 

Me lembro da primeira vez que trocamos algumas palavras. Era a galera cabaça que não ia pra bebedeira no primeiro dia de aula, tinha de pegar o ônibus de volta pra casa.

Me lembro das vezes em que a via chorando em suas crises pré-menstruais e perguntava por que estava chorando e ela dizia “não sei” e daí chorava por não saber por que estava chorando. Me lembro de quando começou a namorar e eu remoendo de ciúmes e ficou uma situação meio ridícula porque sempre fui bom em estratificar uma cara retardada de alegre e mentir sem contorcer os lábios mesmo quando estava totalmente destruído. Esta cara entrava em mim tão desgraçadamente que não me deixava nem chorar sozinho. Criava, e ainda crio bastante, fantasias esquizofrênicas entupidas de mentiras que nunca passaram de desejo (roubei do Tweedy). Me lembro de quando me perguntou como estava e me lembro de um amigo perguntando por que nunca tinha rolado nada entre a gente e me lembro de como ficava vermelho me imaginando dar mais tiros do que os pombos que podia derrubar, correr o risco de perdê-la pra sempre, perder sua companhia, sua voz, suas brincadeiras sarcásticas e seu sorriso escancarado entre goles regulares de cerveja e até suas crises de choro, de lágrimas doces que me desconcertavam talvez por achar lindas, pura demais.

Me lembro de ela tentando fumar e do dia que quis porque quis dar um tapa e eu agi como irmão mais velho hipócrita.. 

Nunca disse algo que pudesse denotar que às vezes tivesse misturado sentimentos e realmente os embaralhei mesmo no começo.  Mas foi melhor. Bem melhor. Além do mais a amizade é amor puro, a gente engole cobranças e depois aprende que não tem direito a cobrança alguma. Posso ficar dias, até meses, sem falar com ela e continuá-la amando. É minha irmãzinha.

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