sábado, dezembro 20, 2008

Sobre prédios e pessoas

Tive um sonho dias atrás. Faltavam, acredito, duas horas para tomar banho e correr ao trabalho. Cheguei num Opala branco, dirigido pelo meu irmão. Na porta, três amigos da faculdade. “Ué, o que fazem aqui?” “Voltamos para fazer esta pós”. Que pós? Sorrisos moles, balançares firmes de cabeça, corpos arqueados para alcançarem o “pé do ouvido.”
Febre virou debater a pseudointelectualidade da internet. Se a coloca à prova de forma tão superficial, se deve ao falso senso intelectivo de quem julga. Esta merda é aberta, é para isto mesmo!
“Porra, você aqui também?”
“Claro, não perderia isto por nada.”
Não era a UEL. Nada a lembrava, já que não era. Era o Evangélico. Igualzinho ao passado. Sem reformas absurdas. O forro branco envergado, cheio de bolor, mirava a cabeça de qualquer um. Professora Cleide, a diretora, escrevia calmamente, com uma BIC azul sem tampa, em um caderno de capa preta e grossa. Mais de 15 anos e o mesmo livro!
Pessoas se aglomeravam ao redor do portão marrom torto. Engraçada minha afasia quando tento desenhar as caras idiotas da época de colégio -ao invés de não lembrar, eu as esqueci.
Um pouco longe dali, ao lado do portãozinho branco em que começava o ladrilho vermelho fosco da secretaria, estavam, de camisetas brancas, os amigos da faculdade. Todos! Que puta sensação gostosa tê-los comigo! As coisas se desorganizaram para organizar o que realmente valera à pena.
O prédio carcomido do Evangélico, suas portas de madeira, carteiras quebradas, quadros verdes, embranquecidos pelo giz encastoado. O bebedouro soltando água com forte gosto de ferrugem. Ainda estudava lá quando fizeram as primeiras reformas. Mudaram o banheiro de lugar, fecharam salas, reformaram outras. Ainda bem, foi por pouco tempo!
Ao chegar à UEL, as construções gigantes já não me prendiam mais. Mas encontrei naqueles corredores sóbrios gentes das quais sinto imensa falta. Devo sonhar com poucas pessoas novas. Queria que estivessem aqui!
Ao abrir os olhos, enterrei a cabeça no travesseiro. O quarto navegava num cheiro pesitlento de suor ensopado. Que maravilhosa noite de verão na boca do inferno!

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