quarta-feira, maio 27, 2009

Cursos para ser inteligente


Dei um grito. Respirei fundo. Derrubei a remela com um cruzado de esquerda e vi o que cegos veem, porra nenhuma. Tão “cálida” aquela sensação de estar no meio dum nada mais nada que qualquer outra coisa ribombando na cabeça:

“Conheço pessoas de ação, que sempre serão de ação, sabem por quê? Porque sempre terminam o que começam.”

É, amiguinhos! De que um malfadado cuspido duma universidade nestas longas e tortuosas peripécias se fantasia para descolar uns trocados e encher a cara de cachaça ou, quando em vez, com um uisquinho! Ô rebuliço pós-moderno mofado em que fui me enfiar! Nem para ser num espartilho (no corpo de uma mulher, bem entendido)!
O quadrante não (que a tia não veja que empreguei não) é assim tão desprezível. Cadeiras estofadas, cafezinho, ar condicionado. Mas toda semana ?! Dinheiro e inteligência, antípodas - Tom e Jerry. Empresários esparramam suas adiposidades traseiras nos acolchoadinhos pretos. Poderia facilamente me aproveitar e enganá-los num lance de prestidigitação, vender a “potente habilidade comunicativa” dum aceçor dimprença. Afinal, pagaram por algo pior e riem cada vez que enfiam as pernas na saia do ridículo. Custa a brincadeirinha dois paus! Dois paus! Dois merréis por uma merda de três meses e três bíblias da salvação, construções maravilhosas assim:

“William James, o mais destacado professor de psicologia da Havard, escreveu seis frases que poderão ter um profundo efeito em sua vida, leitor, seis frases que são o ‘abre-te sésamo’ para a caverna do tesouro da coragem de Ali Babá”.

Esqueçam as seis frases, caros. Jesus já é sobremaneira. O excerto, porém, está lá. Juro. Só não (outro não, não assinalo mais) vou dizer o autor. Vocês saberão que o curso se chama D. C.; posso ser expulso e meu trampo não ser meu trampo. Os caras jogaram grana em mim (dois paus!) como se joga água num ralo. Tomaram no cu, questão de dias para observar, mas que façam isto sem ajuda.
Quando comecei a especialização em etiqueta (as maquininhas de escrever se esquivaram destes dedinhos, nem os bichos do mar ou os fungos dos pés me aceitam em suas magníficas rotativas de ilusões) tive um leve senso de regressão. Estava com um pano branco horrível cobrindo o corpo, trazendo uma crosta medonha para um guia de rebanho. Ele virava os olhos e dizia, com ternura: "O corpo (motivo de as pupilas rodarem faceiras) de Cristo." É! Já acreditei que só a religião abestava. Porém Deus chega vestido de azul, rosa, amarelo etc. e com tantos cajados (au, au!); é inútil denominar seitas. Especialização e D.C. Considerando que posso ganhar dinheiro de uma maneira menos burra (paradoxos, sempre eles) a norma para servir chás e bolachinhas aos fodões se transforma num pseudoinvestimento (amigos errepês, me perdoem). Enquanto isso, no D, a turminha encena:

“Encontrei-me ontem perto de uma enorme fábrica de caixas, situada numa colina muito alta. Correndo ao redor de todo este prédio, havia uma cerca de madeira desta altura. Subi até a fábrica, abri a porta, entrei e encontrei-me em um longo corredor. No final do corredor havia uma escada em espiral. Subi a escada, abri uma porta de correr e encontrei-me em uma grande sala com altas pilhas de caixas. Havia caixas grandes, caixas médias e caixas muito pequenas. De repente, as caixas começaram a cair sobre a minha cabeça! Acordei assustado, bocejei, espreguicei e voltei a dormir.”

E encontrei-me fazendo bilu, bilu, teteia.
A dona dos porcos -não das guloseimas- defende sua prolixidade, berra ter um grande iscritor da little London que ronca e peida a seu lado. Que iscritor! Minha vira-latas infestada de pulgas e carrapatos me interessa mais.
Tenho ainda um mês e meio de ciranda, cirandinha. A gravata-borboleta, a uso até dezembro. Grandes chances de mamãe levar pudim de leite condensado ao manicômio.

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