domingo, novembro 28, 2010

Polícia e “guerra” no RJ

Conheço de maneira muito genérica os problemas sociais do Rio de Janeiro. Estive lá uma vez só e posso dizer de forma bem superficial (foram só três dias) que é o lugar mais bonito que já vi. E não é tão perigoso assim; tem como sair à noite, passear sem se grudar à mochila etc. 
Sei também muito pouco sobre a invasão da PM e das Forças Armadas nos locais de miseráveis. E ressalto que este blog nunca foi pautado pelo que Globo e Record jogam no nosso colo todo santo dia, ainda mais num texto dissertativo. Mas tem uma coisa que tava me encucando fazia tempo, desde uma conversa com uma colega de trampo, namorada dum PM: a polícia é o grupo de extermínio dos ricos. Nunca, em hipótese alguma, vai lutar positivamente pelo direito dos fodidos. 
Matar é imanente aos policiais, está no sangue. Não é qualquer tipo de morte que os deixa em paz com seu espírito. É a morte de miseráveis ou de quem ameaça o nunca ameaçado status quo. Digo nunca ameaçado porque o capitalismo só se faz reinventar e se pinta até de socialismo quando a situação convém. Parece despropositado o que vou dizer, mas a Rússia de Stálin é exemplo de como o capitalismo se recicla, pra usar palavra da moda. Pra mim escancarar a diferença entre capitalismo e socialismo no plano econômico é mera simplificação. Onde se mostram mais discrepantes socialismo e capitalismo é no plano sócio-psicológico.
Bom, voltemos à consideração sobre a PM. A minha colega disse que, quando seu namorado matou a primeira pessoa, ele ficou em cima, rindo da agonia do cara, que sangrava e gritava. Ficou ali velando o cara até ele apagar de vez. Quem mata com tanto sarcasmo? Traficantes matam e riem do que fazem, eu sei, eu sei. Só que não é o mesmo riso dos policiais. Talvez riem do fatalismo de serem os próximos, mas não agora. Matam com impessoalidade porque estão se matando. Policiais matam de maneira fria, mas nunca impessoal. Pouco me assusta ver PM trabalhando como segurança privado. Fazem isto o dia inteiro, o tempo todo, a vida toda.

Fica bem lugar-comum dizer que o Rio precisa de política social mais do que da polícia para resolver seus problemas. Como também parece inócuo apostar que a ação da PM não vai ter resultado nenhum praquelas comunidades além da sensação temporária de alívio. Mas se o tráfico sair dali é justamente porque já procurou outra forma faz tempo e os policiais deram pouca “ajuda”, oficialmente falando, a esta decisão. Posso até algum dia acreditar em subversão ou derrota de instituições sagradas, mas nunca vou crer que aconteça partindo da polícia. A forma como estamos organizados precisam dos seus fantasmas, precisam de parte da sociedade premida, justamente pra se justificar. 

PS: Andei sumido porque o trampo está me sugando a alma, acabando comigo, no sentido mais nietzschiano que isto possa ter. Tô meio sem inspiração ainda pra escrever um conto ou crônica. Bom, sei que isto interessa a ninguém, mas tinha de dizê-lo a vocês, meus dois leitores. 

2 comentários:

Cássio Gonçalves disse...

Realmente, a polícia nasceu para manter a ordem, evitar o caos e o Caos, e isso significa manutenção do Status Quo. Infelizmente, o tráfico é um elemento importante dessa nova ordem. Mas não custa dizer que a polícia somos “nozes” e os traficantes “tamém”. Amém? Percebemos a ausência, sim, ó cronocontista de pretensões tão tão literárias. rsrs. Um abraço.

**** disse...

Ahahahaha... Ultimamente não tem sobrado nem a pretensão, grande Cássio.
Abraços, meu garoto!