sábado, outubro 18, 2008

Dias e noites acordado. Horas, horas, horas, infinitas horas que não passam. Olha para um lado, depois, para o outro, enfim, para todo canto que está ao alcance de sua visão numa virada de pescoço.
Onde está o relógio? Ah, parece que se encontra pendurado num canto coberto em poeira. Não serve mais, aliás, nunca serviu. De que adianta olhar para ele, se os ponteiros não se mexem.
Todos os dias são iguais, os jornais são iguais, as roupas são iguais, os perfumes são iguais, os carros são iguais, os verbos são iguais – “Será que as pessoas também são iguais?”. Procura rapidamente se ocupar com alguma coisa, teme pensar na resposta. Pára de olhar e começa a andar.
Cigarro nas mãos. Cabisbaixo, pensa que se encontrará se ficar absorto em seus pensamentos. Massas, massas, massas. E o pior de tudo: revolucionárias. A situação se torna insuportável. “Massas revolucionárias? É pra foder mesmo!”

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