Chegue
E traga consigo o gosto gostoso
Da poeira que varre sorrisos sem sentindo.
Este gosto gostoso
Que arrebenta vidraças
Zunindo música seca e surda.
Por favor, não seque os cabelos.
Vá ao espelho e veja,
Pingos de orvalho fazem festa,
Escorregando nas suas marolas,
Dançando em seu rosto.
Chegue.
Recoste-se em meu ombro.
Vou afagá-la e lhe
Cantar canções de ninar.
Mas deixe a porta destrancada.
O ventinho gelado se achega
Só para lhe tocar
As bochechas cor-de-rosa.
Ah, Natureza!
Por que inventou a morte lenta de cada dia?
Desconhecia a beleza de minha menina
Quando se arrependeu do mundo?
O céu abre suas janelas,
Coloca o vaso de girassol no parapeito.
Veste sua melhor roupa
Sempre que você passa aqui.
Na sua pele casta
Pousa o perfume suave de minha melancolia,
Invade-me o nariz,
Transformando tudo em carrossel.
Pôneis sorridentes
Brincando de ciranda.
Ah, céu azul!
Transforme o amanhã em agora.
Proíba meu riso melancólico,
Com aquela tristezinha inocente
E preguiçosa, de ir embora.
Pinte em mim a cara boba de criança.
Dia nostálgico de inverno,
Friozinho que esquenta bastante!
‘A Puta’, livro de Marcia Barbieri, é o melhor objeto artístico de 2015 por
Arnaldo Afonso para o blog do Estadão
-
*E atenção: num magnífico esforço de jornalismo investigativo, consegui em
primeira mão o resultado do ‘Grande Prêmio Arnaldo Afonso’ de melhor objeto
a...
Há 7 anos
3 comentários:
Nossa, adorei, muito bonito mesmo!
parabéns
Realmente ótimo.
Pela primeira vez sinto uma aura mais clara no que escreve. O que não é pior nem melhor. É diferente.
Quando voltará a contar de Sharmyla? Achei interessante.
Um abraço.
Olá, Cássio!
Diário de Sharmyla tem mais uma página sendo rabiscada. Mas ela é... Bom, você sabe... rsrs
Abraços
Postar um comentário